sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
CHEGA EM ANÁPOLIS A PRIMEIRA LOCOMOTIVA
A Ferrovia Norte-Sul deve começar a levar produtos de Anápolis até o Porto de Itaqui, no Maranhão, ainda este ano. A expectativa é que farelo de soja da safra atual seja embarcado no pátio de Anápolis a partir de outubro e que 1 milhão de toneladas de grãos da safra 2015 sejam transportados pela ferrovia já no próximo ano. Essa carga passará pelo trecho de 855 quilômetros da Norte-Sul, de Palmas (TO) a Anápolis (GO), que foi inaugurado ontem pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro dos transportes.
A primeira carga transportada por esse trecho, com 4 mil toneladas de minério de ferro, saiu do pátio de Gurupi (TO), na última quarta-feira, com destino ao Porto de Itaqui. Os 719 quilômetros que ligam Palmas (TO) à Açailândia (MA) já estão em operação desde 2011. Agora, são 1.574 quilômetros da ferrovia ligando Goiás aos portos do Maranhão. Segundo a presidente, depois de 27 anos desde a sua concepção, a obra transforma Goiás num polo logístico e conecta todo Brasil com o sistema ferroviário.
A solenidade de inauguração oficial da Norte-Sul, realizada ontem no Porto Seco de Anápolis, também contou com as presenças do governador Marconi Perillo, do presidente da Valec, empresa pública de ferrovias responsável pela obra, José Lúcio Machado, da senadora Lúcia Vânia, deputados federais e estaduais, prefeitos, empresários e outras autoridades.
Locomotiva
Dilma chegou ao evento numa locomotiva, mas, antes, fez questão de passar pelo túnel feito em Anápolis. Ela lembrou que a concepção da ferrovia foi feita no governo do ex-presidente e atual senador José Sarney. Naquela época, apenas um trecho de 361 quilômetros entre Açailândia (MA) e Araguaína (TO) foi feito. Depois, houve apenas alguns investimentos de forma marginal. Em 2007, segundo ela, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo atualizou a visão da obra, percebendo que o Brasil tinha de ter uma coluna vertebral que seria a ferrovia das ferrovias, cortando o País de Norte a Sul e superando um atraso inexplicável.
Esse eixo se mostrou essencial para que o País tivesse um sistema ferroviário e uma integração dos diferentes modais: ferrovia, rodovia, hidrovia, portos e aeroportos. “É uma obra importante, porque Goiás se situa numa posição estratégica, no centro do País, junto com Minas Gerais, onde nasci”, destacou a presidente. Ela lembrou que a expressão “trem bão” é compartilha pelos dois Estados.
Para Dilma, essa “coluna vertebral” deixará Estados do interior do Brasil, como Goiás, perto do mar. De acordo com ela, a ferrovia será crucial para articular todos os sistemas de transporte do Brasil, tanto os que se dirigem ao Sul, quanto aqueles que se destinarão ao Norte.
A presidente garante que acompanhou a execução do trecho até Anápolis. “Percebendo a importância dessa coluna vertebral para o corpo ficar de pé, inteiro e ágil, prolongamos a ferrovia até Estrela D’Oeste e Panorama, em São Paulo, e até Rio Grande do Sul, no extremo Sul do País”, destacou.
Segundo a Valec, o trecho até Estrela D’Oeste deve ser concluído até o fim do próximo ano. “Demorou, mas hoje não demora mais 27 anos”, garantiu Dilma, lembrando o esforço para retomar as obras para conclusão até Anápolis.
Para ela, com a Norte-Sul o governo recupera a iniciativa do investimento em ferrovias. “Se fomos capazes de fazer o trecho original, nós concluiremos o trecho que nós mesmos projetamos. O Brasil tem todas as condições de investir em infraestrutura”, afirmou a presidente, lembrando a licitação da BR-153, que será duplicada até Gurupi. Dilma encerrou seu discurso criticando a postura dos pessimistas que sempre dizem que algo não dará certo. “Desafios existem, mas só tem um jeito de não acontecer nada: é você não tentar”, destacou.
Centro de Logística
Lembramos que Anápolis está sendo o centro logístico do Brasil e, no futuro, terá um papel decisivo na interiorização do desenvolvimento. Segundo ele, esse é um passo importante para que a ferrovia chegue ao Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), que tem vocação de centro de logística distribuidor do País.
César Borges informou que, no próximo ano, estará pronta a ferrovia em bitola de 1,6 metro, ligando Ouro Verde (GO) até Estrela D’Oeste (SP). “Com isso, estará interligado na bitola de 1,60 metro de Santos até Itaqui (MA), dois grandes portos brasileiros”, destacou o ministro. A Ferrovia Norte-Sul sai de Anápolis e chega aos portos do Maranhão através da Estrada de Ferro Carajás,
Somente o pátio intermodal de Anápolis ocupa uma área de 24 hectares e vai servir às empresas já instaladas na cidade, que poderão construir acessos à ferrovia, como o Porto Seco e a Granol. O ministro lembrou que, além de levar produtos das indústrias do Daia que saem do Porto Seco, a ferrovia também poderá trazer produtos industrializados da Zona Franca de Manaus até Anápolis e distribuir para todo Brasil. “O Porto Seco negocia mais de 30 mil contêineres que serão transportados pela Norte-Sul.”
O governador Marconi Perillo lembrou que outras obras vão complementar o papel da Ferrovia Norte-Sul para tornar Anápolis e Goiás um grande centro logístico: o Aeroporto de Cargas, um investimento de R$ 200 milhões, e a Plataforma Logística Multimodal, que receberá cerca de R$ 1 bilhão em investimentos. “Anápolis vai expandir e receber cargas para qualquer lugar do mundo.”
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