quinta-feira, 28 de novembro de 2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

50 anos sem C. S. Lewis

No mês em que “comemoramos” os cinquenta anos da morte de C.S. Lewis, eu não poderia deixar de homenageá-lo. Mas o que um irlandês, nascido dois anos antes da virada do século 19 para o 20, que viveu as duas Grandes Guerras, poderia dizer a nós, brasileiros, hoje? É preciso considerar antes de tudo, que sua leitura não é fácil e exige habilidades de interpretação e avaliação crítica que poucos leitores brasileiros têm até hoje. É só olharmos para os resultados dos exames aplicados pelo governo em todo o sistema de ensino brasileiro. Tanto é assim que quando eu procurei uma editora em 1989 (ano em que festejávamos os cem anos do nascimento de Lewis), a resposta para a minha proposta de série de palestras comemorativas foi: “Quem é que vai ler C.S. Lewis no Brasil”? Não obstante, Deus colocou em meu coração a fé nesse projeto e hoje, principalmente após a produção de três filmes de cinema sobre as “Crônicas de Nárnia”, perdi a conta de conferências, semanas teológicas e eventos em igrejas, seminários, faculdades e universidades pelas quais já fui convidada até hoje para falar sobre o autor. E o que é que me fez apostar nesse autor e até defender uma tese sobre “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas”, publicada como “Antropologia Filosófica de C.S. Lewis” (editora Mackenzie, para cuja republicação estou em busca de editora) e resumida em “A Pedagogia Cristã na Obra de C.S. Lewis” (Ed. Vida)? Certamente mais as diferenças entre a sua cultura, seu tempo e o pensamento, do que as semelhanças. Os britânicos são conhecidos por serem pontuais, disciplinados, tradicionalistas, sistemáticos, racionalistas e quase “medievais” na sua cultura. Nós somos o inverso de tudo isso e, portanto, precisamos ouvir o nosso “outro” para com ele aprendermos. Essa seria a abordagem “negativa” da obra de Lewis, ou seja, daquela parte que completa aquilo que falta à nossa cultura e educação. Em outras palavras, esse seria o “não” do autor irlandês para com a cultura, educação e ética brasileiras. Por outro lado, o autor também tinha uma mensagem desse tipo, negativa, para a sua própria cultura, que é a atenção não apenas para a razão, mas também para as emoções e a imaginação, ou criatividade, e isso, nós, brasileiros, temos de sobra. Assim, sua mensagem adquire também uma dimensão positiva, não falando apenas do que “não devemos” ser, fazer ou pensar, mas também do que estamos “convidados” a ser, fazer ou pensar. Lewis costumava dizer que enquanto a razão é o “órgão” da verdade, a imaginação é o do sentido, ou seja, apenas na interação entre esses dois aparelhos de leitura da realidade é que podemos ter uma compreensão significativa do mundo. (E a aprendizagem significativa, envolvendo a criatividade está em moda nas teorias educacionais de hoje, que também estão presentes no Brasil, ainda que de forma “importada”, ponto esse que tenho explorado bastante nas discussões sobre a atualidade do autor para a educação). Mas será que nós valorizamos essa qualidade - a da criatividade - em nossa educação, ética e cultura (exceto, quem sabe, relacionada ao carnaval)? E nos meios evangélicos, nos seminários e igrejas, que espaço tem sido dado à criatividade? Certamente muito pouco, a não ser, quem sabe, no campo da música com graus de intensidade e diversidade bastante diferentes de acordo com a vertente denominacional. Os produtos da criatividade e da imaginação são usualmente encarados com desconfiança, como objetos e instrumentos do mal numa verdadeira “demonização” da cultura que não seja propriamente “evangélica”. Independentemente da denominação, entretanto, e do preconceito ou medo que se tem contra tudo o que é imaginativo, principalmente se isso envolve “seres” de “outro mundo” (os do imaginário mitológico ou da interioridade humana), todos os cristãos admitiriam que Deus é infinitamente criativo, o que ele expressou ao máximo por ocasião da criação do mundo. Aliás, todas as religiões, não apenas as cristãs, têm uma narrativa da criação, mais ou menos fantasiosa, “revelada” pela Graça Comum. A diferença é que na narrativa cristã do gênese, há claramente uma colaboração entre a razão (“No princípio era o verbo", - ou logos - Jo 1.1) e a visão (... e “viu que era bom”...); entre a imaginação e o fato histórico, que se deu de forma especial na criação do homem “à imagem e semelhança de Deus”. Se somos imagem e semelhança de Deus, também abarcamos em nós esses dois lados ao mesmo tempo: o da razão e o da imaginação. E como Jesus deixa claro na “Parábola dos Talentos”, nós nos tornamos culpáveis quando resolvemos enterrar e não fazer florescer os “talentos” que Deus nos deu. Com isso, ele não estava se referindo certamente a posses, riqueza ou dinheiro - ou pelo menos, não só a isso -, mas àquilo que já nascemos propensos a desenvolver: todos os nossos dons e talentos, inclusive os artísticos e culturais. Certamente esses são apenas alguns aspectos da atualidade de Lewis para a cultura e cristianismo brasileiro. Convido o leitor a ajudar a escavar essas verdadeiras pepitas em sua obra

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

FANTASMAS PARA 2014

Bom dia a todos........... OS FANTASMAS PARA 2014 Calma, o título pode ter assombrado você também. Porém, estou me referindo aos fantasmas bons, do tipo Pluft. Na verdade os mercados podem reagir até mal num primeiro momento, mas são situações positivas na maioria dos casos. Separei por países para tornar mais amigável a leitura e destacar situações diversas. CHINA Na China, a reunião do Comitê Central traçou as diretrizes para os próximos 10 anos em plano mais geral. As diretrizes elaboradas pelo governo de Xi Jimping indicam o aprofundamento da reforma fiscal e tributária, com enfoque no mercado interno e redução das disparidades de renda da população. Além disso, pretendem acelerar as transformações na economia, o que toca diretamente no crescimento sustentável. Para que isso ocorra, novas ações para evitar o êxodo rural acontecerão, evitando-se a aglomeração nas cidades que causam desemprego e problemas de moradia. Também será necessário maior volume de investimentos, inclusive externos, com a liberação para que os investidores possam adquirir até 15% do controle de estatais. Nesse mesmo pacote podemos incluir o redimensionamento do câmbio eternamente desvalorizado e maior flexibilização da taxa de juros. JAPÃO O Japão, terceira maior economia, adotou medidas de política econômica e monetária bastante agressivas, conhecidas como "Abeconomics" (de Shinzo Abe), visando tirar o país da recessão histórica e deflação prolongada. Os primeiros resultados obtidos indicam acerto, apesar dos riscos envolvidos com o elevado nível de endividamento. De qualquer forma, o país voltará a crescer e estima-se inflação da ordem de 2,0%. O Brasil que tem a China como maior parceiro comercial pode se beneficiar dessa guinada mais próxima do capitalismo, muito embora as reformas políticas projetadas sejam ainda tímidas. São fantasmas bons. EUA Nos EUA o fantasma fica por conta da redução dos estímulos de política monetária. Quando comecará a desmobilização (se ainda em 2013 ou primeiro trimestre de 2014) e qual será a velocidade. Convém lembrar que num primeiro momento as injeções de recursos podem ser menores, mas ainda assim vão seguir ampliando a base monetária. Bem mais para frente, talvez em 2016, é que deve começar a contração da base monetária com efeitos maiores sobre a elevação dos juros básicos. Devemos considerar que quando isso acontecer será em função da recuperação econômica do país e, portanto, fator positivo para a precificação dos ativos. Apesar disso, ainda assombra o fato de Barack Obama permanecer refém dos republicanos e especialmente de um grupo minoritário (Tea Party), no que tange ao orçamento de 2014 e também teto da dívida, discussões que foram remetidas para meados de janeiro e início de fevereiro do próximo ano. Uma coisa parece certa: a economia por lá vai mostrar sinais mais claros de recuperação nos próximos meses. Novamente um fantasma bom. Como ganhar dinheiro em um cenário de crise e mudanças? Descubra na Universidade dos Traders da ADVFN em parceria com a Órama. Videoaulas e eBooks gratuitos. Clique aqui EUROPA Por lá a primeira consideração é que a recuperação econômica pós-crise de 2008 ocorre de forma assimétrica. Há países atrasados em reformas, outros adiantados e problemas ainda sérios em países da periferia. Dentro disso, a liderança da Alemanha parece inconteste na zona do euro e União Europeia. O país volta a mostrar indicadores melhores e vai crescer mais fortemente ao longo de 2014, e essa liderança exercida é importante para os demais países que compõem esses blocos. A França fica devendo com recuperação atrasada e perda de força interna de François Hollande. Outro fator positivo reside na recuperação econômica do Reino Unido, intitulada como robusta, com queda do desemprego e inflação alta, mas com tendência de encolhimento. Há ainda leve expectativa de bolha no segmento imobiliário, que convive com forte aumento de preços de residências. Mas há também fatores encorajadores partindo da Itália, Espanha e Irlanda; e até mesmo por parte da Grécia, que já consegue formar superávit primário. Outro fantasma bom. BRASIL O Brasil que quase sempre andou na contramão da economia global está novamente nessa situação. Nossas contas públicas se deterioram, nossas contas externas também, a inflação circula próxima do teto da meta de 6,5% e o crescimento econômico é pífio, abaixo do potencial, menor que a média global, que a média dos emergentes ou mesmo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Há mudanças constantes em marcos regulatórios, a produção industrial beira a estagnação, os projetos de infraestrutura não deslancham e os investidores locais e internacionais estão arredios com os dados de conjuntura, concessões sem grande interesse e possibilidade de rebaixamento da nota de classificação de risco pelas maiores agências de rating. Por aqui é fundamental que o governo produza choque de credibilidade, fixando as novas diretrizes de política econômica no rumo correto e que essas metas sejam cumpridas sem maquiagens. Meta de inflação factível e cadente, execução de superávit primário maior, déficit nominal menor e programas de privatização e concessões que atraiam os maiores parceiros internacionais e não aventureiros; seriam absolutamente requeridos, assim como melhor tratamento para a taxa de câmbio flutuante. Isso para não falar na necessidade de reforma fiscal e tributária imprescindíveis. O Brasil segue sendo um dos raros países que exportam tributos. O fantasma está no fato de 2014 ser ano de eleições majoritárias e, como tal, não é de se prever maior controle das contas públicas. Ao contrário, podemos intuir medidas tendentes ao populismo e conchavos políticos-eleitoreiros que certamente atrapalham o bom andamento da economia e distorcem a LRF (lei de responsabilidade fiscal).